quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Suite Bahia

Vagão de trem no trilho
batuque de unha
sussurro:

Ô Bahia
Bahia que não me sai do pensamento...
(...)

Ô Bahia
Faço o meu lamento, ô
Na desesperança, ô
De encontrar nesse mundo
Um amor que eu perdi na Bahia, vou contar

(vagão até formar compasso de samba)

Quando eu penso na Bahia
Nem sei que me dor que me dá
Ai me dá, me dá me da ioiô
Ai me dá, me dá me da iaia

Se eu pudesse qualquer dia
Eu ia de novo pra lá
Não va, Não va, Não va ioio
Eu vou, eu vou, se vou iaia...

Eu deixei lá na Bahia
Um amor tão bom, tão bom ioiô
Meu Deus que amor
Que desse amor só quem sabia
Era a Virgem Maria
Nasceu cresceu e lá ficou

Mas quem sabe se esse amor
Que ficou lá na Bahia, oi
Já se acabou
(...)

Silêncio, pessoas, alarmas

(Aéroport Charles de Gaulle 1, Terminus)
Passos, passadas, ritmo
voz em sussurro até Bahia)


Na Baixa do Sapateiro eu encontrei um dia
A morena mais frajola da Bahia

Pedi-lhe um beijo, não deu
Um abraço, sorriu
Pedi-lhe a mão, não quis dar, fugiu


Bahia, terra da felicidade
Morena, eu ando louco de saudade
Meu Senhor do Bonfim
Arranje outra morena igualzinha pra mim

(ponto de candomblé)

Oh! amor, ai
Amor bobagem que a gente não explica, ai ai
Prova um bocadinho, ô
Fica envenenado, ô
E pro resto da vida é um tal de sofrer
Ôlará, ôlerê

(silencia o Rum para a jura)

Juro por Deus, pelo Senhor do Bonfim
Quero você baianinha inteirinha pra mim
Mas depois, o que será de nós dois
Seu amor é tão cruel, enganador

Tudo já fiz, fui até um canjerê
Pra ser feliz, meus trapinhos juntar com você
Mas depois, vai ser mais uma ilusão
No amor quem governa é o coração

Vagão de trem no trilho
batuque de unha
sussurro:

Ô Bahia
Bahia que não me sai do pensamento...

Voz metalica: Concorde
attention à la marche en descendant du train!


Na baixa do sapateiro
No tabuleiro da baiana
Quando eu penso na Bahia

(Ary Barroso)
Efeitos Sonoros
RATP - Metro de Paris

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tchau, celulinho

Estou aqui na Unifacs lendo revistas de administrador e o primeiro conto de "omo piratearam minha vida" quando na verdade deveria estar estudando. A novidade é que, vendo todas essas revistas de tecnologia, cheguei a uma previsão bastante clara. Daqui a dois anos, muito provavelmente meu celular estará aposentado. Não o aparelho que agora está lá em casa, descarregado e descansando, talvez o meu número também não. Acho que daqui a dois anos não terei nenhum celular. Uma possibilidade: Existe tecnologia para pegar qualquer aparelho, fixo, portátil ou virtual, discar um código e acessar o perfil que um número de telefone na verdade é. Se isto for barato, prático e universal, provavelmente salvará o faz-me-geraldo meu celular. Aos fatos. Além de comunicação, há outros C's, diz ali a HSM Manage,ent de não sei que dia, que se tornaram função do tal aparelho. Comunidade, criação, conectividade. Senhoras e senhores, nunca acessei internet pelo meu celular, nunca li e-mail pelo meu celular e substitui o doutorzinho pela câmera fotográfica na função de fotografar. Além disso, sociologicamente, esquecer sistematicamente o paradeiro ou a carga da bateria do dito me fez perceber grande parte de sua inutilidade. Prefiro um tamagochi que mande sms, ou um notebook que não descarregue. Sociologicamente, coisas de mais de cem Reais estão me fazendo pensar bastante. Sociologicamente, coisas que causam distinção estão me fazendo pensar bastante. Faz mais de dez anos que compro tênis que custam 50 reais, eles continuam lá, existindo. Preciso urgentemente desse conceito para hardwares (e restaurantes).


A conclusão do celular vem do desenvolvimento de outras bases de comunicação e da corrida consumista por aparelhos convergentes, por isso é fácil dizer que, desaparecendo ou não, ele vai diminuir de importância ou exponenciar suas funções. O drama fica pior quando leio sobre os montadores independentes de Detroit, que devem superar as expectativas de Obama em 2015, e a corrida pelo carro elétrico/híbrido. Por ora parece que vamos perdendo o raio laser mais barato, mas há luz no fim do túnel. Antes de 2020 vamos poder comprar um. Já é possível comprar um em alguns lugares do mundo, mas em 2020 será mais barato e mais globalizado, pois esses carros deverão estar nas grandes montadoras em larga escala. Talvez tarde demais. E que venham com computador de bordo, s'il-vous-plaît, porque skype é o que hará.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ela voltou a escrever

De vez em quando eu leio blogs (outros blogs, dindinha, além do meu e do seu). Vou tateando por ai entre o "te dou um dado", "bobagento", "aoe", "kibeloco" etc. Não vejo mais o Chongas que eu gostava, pq ele não precisa de mim, nenhum blog precisa de nosotros nordestinos, eu entendi. Era pra dizer que lendo um desses agora, o dito diz la que sua esposa "voltou a escrever", como se ela fosse paralitica do braço e... ups! voltou a escrever.

Michele de vez em quando me sai com essa, justo quando eu estou ali batucando um samba mudo, ai eu paro e vou fazer pipoca, mais três meses. é que nosotros estamos escrevendo desde o príncipio dos tempos, só paramos um pouquinho para o lanche.
Quem escreve às vezes tem um narrador falando ao pé do ouvido, às vezes tem um amigo imaginário dadaísta, às vezes um abismo e a repetição do eco. Não importa, quem apalavra pára no ins"tante que tan"ge o berimbau e salta do samba para a roda, da roda para os movimentos, da meia lua para outro samba. Escrever, como se deixa rastros, no papel, é a última etapa, é a solidificação de algo no ar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

chico, o moço - Tom, o Macuco.

Este vai ser um post longo.
1)
para Chico Buarque Letra e Música - 1989

Carta ao Chico
Chico Buarque meu herói nacional
Chico Buarque gênio da raça
Chico Buarque salvação do Brasil

A lealdade, a generosidade, a coragem.
Chico carrega grandes cruzes, sua estrada é uma subida pedregosa.
Seu desenho é prisco, atlético, ágil, bailarino.
Let´s dance! Eterno, simples, sofisticado, criador de melodias bruscas,
nítidas, onde a Vida e a Morte estão sempre presentes, o Dia e a Noite, o
Homem e a Mulher, Tristeza e Alegria, o modo menor e o modo maior,
onde o admirável intérprete revela o grande compositor, o sambista, o
melo inventivo, o criador, o grande artista, o poeta maior, Francisco
Buarque de Hollanda, o jogador de futebol, o defensor dos desvalidos, dos desatinados, das crianças
que só comem luz, que mexe com os prepotentes, que discute com Deus e mora no coração do povo.
Chico Buarque Rosa do Povo, seresteiro poeta e cantor que aborrece os tiranos e alegra a tantos,
tantos...
Chico Buarque Alegria do Povo, até seu foxtrote é brasileiro.
Zonoi Norte, Malandragem, Noel Rosa, Sivuca, Neruda, Futebol, tudo canta na tua inesgotável Lyra,
tudo canto no martelo.
Bom Tempo, Bota água no feijão, Pra ver a banda passar, Vem comer, vem jantar, menino Jesus, dia
das mães, vou abrir a porta. Deus; Pai, afasta de mim este cálice de vinho tinto de sangue. Chico
também não evitou assuntos escabrosos, sangue, tortura, derrame, hemorragia...
Houve um momento em que temi pela tua sorte e te falei, mas creio que o pior já passou.

Chico Buarque homem do povo
Fla Flu, calça Lee, carradas de razão
Mamão, Jacarandá, Surubim
Macuco não, Pierrot e Arlequim
Você é tanta coisa que nem cabe aqui
Inovador, preservador, reencarnado, redivivo
Mestre da língua
Cabelos negros
Olhos de gatão selvagem
Dos grandes gatos do mato
Olhos glaucos, luminosos
Teu sorriso inesquecível
Ó, Francisco, nosso querido amigo
Tuas chuteiras caminham numa estrada de pó e esperança

Tom Jobim

New York, outubro de 1969

2)
Uma das coisas mais emocionantes - corta: uma das coisas desse tipo, o Rio e o Sol e o Amor emocionam, mas não são coisas desse tipo - que vi nos últimos tempos foi Chico falando da amizade com Tom Jobim e desses quase quinze ou quinze anos de sua subida ali pro Cristo. Chico falava do amor de Tom pelo Jardim Botânico do Rio, como ele dominava os nomes de tudo ali, como era seu consultor para assuntos da fauna e da flora, entre outras coisas. Ai tem a história do macuco. Macuco, o bicho, que os jornais trocavam por macaco quando aparecia nas cartas e notas de Tom, que os censores mudavam nas peças, que ninguém sabe direito o que é. Macuco vira maluco ou macaco, diz Chico. E diz das bebidas, das conversas, das companhias, de tudo da amizade deles, e se vê no fundo dos olhos azuis que é de verdade aquela dita saudade do amigo do outro lado do telefone, do outro lado da rua, do outro lado da mesa, pra falar do tempo do Jardim, dos malucos e dos macacos.

3) Por ocasião disso, olha o que eu encontrei e que ajuda na sua pesquisa, dindinha:
http://www.chicobuarque.com.br/sanatorio/censor.htm - Carlos Lucio Menezes, Ex-censor, concede entrevista ao site de chico buarque.

4)



5)