quinta-feira, 25 de março de 2010

Naninha

Certa veiz um certo prinspe
paxonô-se prua donzela
intiada de um rei
lá do rêno de Castela
mala sorte a qui li foi
moreeno de amô pru ela
pru modi das Arma o rei
li negô intão a mão dela
umbuçado cum um velo
com o semblante ocultado
pelas porta do castelo
mindingava paxonado
té qui um dia essa princeza
desceu feito um Sarafim
ele intonce pidiu ela
que li insinasse o camin
rompe mais Naninha
mais um bucadin
vê qui o pobre cego
nun inxerga o camin
vê meu peito sua
ó siora mia
pela sina tua
triste sina é a mia
de vivê atôa
de pená assim
eu só sem Naninha
e Naninha sem mim
olha pra lagoa
tua camaria
vê o lençol qui a lua
teceu pra Naninha
nessa noite tua
tu serás só mia
junto da lagoa
ó noiva do céu
amada perdoa
sou o princ'pe teu

sexta-feira, 5 de março de 2010

la pregunta

Não se começa uma escrita por um pronome oblíquo, eis uma frase de começo. Me inclinava a escrever sobre ser aluno do IHAC, mas tenho outras preocupações na vida, escreverei se sobrar espaço. Imaginemos uma situação conjugal. Alguém tem uma esperança, e se vê frustrado pelo outro, embora possa pósmodernisar e atribuir as suas reações à culpa cristã, à piedade brasileira, ao clientelismo, ao paternalismo, ao WLF.

Aí vem um diálogo: Tá chatead@? Não. Eu fiz alguma coisa? Nada não. Tá chateda@, eu fiz alguma coisa. Nada não.

Aí vem um silêncio.

Aí vem outro diálogo: Tô zangad@, fiz alguma coisa, você tá chated@ e eu não sei porquê, se você não me diz eu não possso melhorar e você precisa me dizer a verdade. Nada não.

A convicção não é pósmoderna, mas a autoreflexão é permanentemente moderna. Quero dizer, embora todas as fraquezas sejam do nosso tempo, ainda é possível que alguém repasse as questões relevantes e irrelevantes antes e depois daquele bico de zanguei, e veja se as coisas estão como planejadas. Esse lance de eu não sei o que eu fiz do diálogo comigo se traduz por eu não fiz nada que mereça esse bico, nada que não estivesse planejado, nada sem o seu consentimento. O problema aqui, entre os indivíduos sujeitos dessa conversa, é ter de explicar as suas frustrações. Porque no discurso contemporâneo a fala é auto contemporizadora, a explicação seria Eu entendo que você tenha esta vontade, mas. Para a posição do explicantes, a retórica inicial enfraquece os argumentos, fragiliza. Homem ou mulher, a discussão sai do objeto para a própria discussão. Então é isso? e o diálogo será para validar o motivo, a iniciativa e as estratégias de diálogo. Não a frustração.

Por quê, se assim fosse, o sentimento teria sido o incômodo desejo de dizer algo com franqueza e calma, como Não deixa a toalha molhada na cama. Não é toalha.
Padrões sociais de convivência. Sheldon I miss you.


Parte II

Ser aluno de BI. Em breve não serei-lo-lo, por vida doçura e esperança nossa. Quer dizer, porque tenho que fazer outra coisa. Tem alguma coisa que me chama atenção:
Eis as notícias dos últimos dias.

* Grupo de pesquisa seleciona bailarinos (as)
* Reitor realiza palestra na II Sacci
* IHAC aprova criação de Cátedra Milton Santos
* Palestra sobre cinema atrai estudantes
* Alunos veteranos recepcionam calouros do IHAC na II Sacci
* Grupo Poéticas Tecnológicas apresenta espetáculo no dia 25
* Atenção calouros: saiba como ter acesso ao SIAC
* Leia a carta de boas vindas da direção aos alunos do IHAC
* Professora do IHAC participa de encontro no Paraguai
* Congregação Ampliada realiza primeira reunião do ano
* Reitor convida aluno do BI de Artes para tocar “hino do IHAC” na aula inaugural
* Maioria dos professores substitutos do IHAC tem doutorado e/ou mestrado
* Diretor integra novo conselho do governo do Estado
* IHAC prepara II Sacci para recepcionar os estudantes
* UFBA abre o semestre com duas aulas magnas na reitoria
* Trabalhos para o VI Enecult devem ser submetidos até dia 12 de março
* Abertas as inscrições para intercâmbio estudantil nos EUA
* Curso sobre Ordem Mundial Contemporânea atrai 120 pessoas ao IHAC
* Professores do IHAC publicam artigos sobre o Carnaval de Salvador
* Confira o resultado da seleção de professores substitutos
* Aluno do IHAC conta as suas experiências na caravana pela América Latina
* Alunos do IHAC criam grupo de teatro
* IHAC ganha quatro novos funcionários
* Coordenador acadêmico do IHAC volta a tocar na banda brincando de deus
* Empreendedorismo vira tema de componente curricular do IHAC
* FAPESB lança edital para publicações científicas e tecnológicas
* Melhora a infra-estrutura do IHAC
* BI em Saúde apresenta duas propostas de áreas de concentração
* Projeto arquitetônico do prédio do IHAC é apresentado à Congregação
* IHAC aprova mais uma área de concentração: artes e tecnologias contemporâneas
* Estudantes podem criar cadastro para ter acesso à internet
* IHAC aprova três primeiras áreas de concentração dos BIs
* Estudantes do IHAC já podem estagiar via CIEE
* Saiba como obter os benefícios da Proae
* Saiba como ter acesso ao serviço médico da UFBA

Sou só eu, ou tem uma espécie de narrativa clipping, tipo RP de ex-bbb?

Minha experiência. Onde tem IHAC, colei BAMBAM, o 1º da raça (19 ocorrências):

* BAMBAM aprova criação de Cátedra Milton Santos
* Alunos veteranos recepcionam calouros do BAMBAM na II Sacci
* Leia a carta de boas vindas da direção aos alunos do BAMBAM
* Professora do BAMBAM participa de encontro no Paraguai
* Reitor convida aluno do BI de Artes para tocar “hino do BAMBAM” na aula inaugural
* Maioria dos professores substitutos do BAMBAM tem doutorado e/ou mestrado
* BAMBAM prepara II Sacci para recepcionar os estudantes
* Curso sobre Ordem Mundial Contemporânea atrai 120 pessoas ao BAMBAM
* Professores do BAMBAM publicam artigos sobre o Carnaval de Salvador
* Aluno do BAMBAM conta as suas experiências na caravana pela América Latina
* Alunos do BAMBAM criam grupo de teatro
* BAMBAM ganha quatro novos funcionários
* Coordenador acadêmico do BAMBAM volta a tocar na banda brincando de deus
* Empreendedorismo vira tema de componente curricular do BAMBAM
* Melhora a infra-estrutura do BAMBAM
* Projeto arquitetônico do prédio do BAMBAM é apresentado à Congregação
* BAMBAM aprova mais uma área de concentração: artes e tecnologias contemporâneas
* BAMBAM aprova três primeiras áreas de concentração dos BIs
* Estudantes do BAMBAM já podem estagiar via CIEE

Segunda etapa - estudante, professor, diretor e reitor foram substituidos por brother:

* Brother realiza palestra na II Sacci
* BAMBAM aprova criação de Cátedra Milton Santos
* Palestra sobre cinema atrai brothers
* brothers recepcionam brothers do BAMBAM na II Sacci
* Atenção brothers: saiba como ter acesso ao SIAC
* Leia a carta de boas vindas do brother aos brothers do BAMBAM
* Brother do BAMBAM participa de encontro no Paraguai
* Brother convida brother do BI de Artes para tocar “hino do BAMBAM” na aula inaugural
* Maioria dos brother substitutos do BAMBAM tem doutorado e/ou mestrado
* Brother integra novo conselho do governo do Estado
* BAMBAM prepara II Sacci para recepcionar os brothers
* UFBA abre o semestre com duas aulas magnas na brotheria
* Curso sobre Ordem Mundial Contemporânea atrai 120 pessoas ao BAMBAM
* Brothers do BAMBAM publicam artigos sobre o Carnaval de Salvador
* Confira o resultado da seleção de brother substitutos
* Aluno do BAMBAM conta as suas experiências na caravana pela América Latina
* Alunos do BAMBAM criam grupo de teatro
* BAMBAM ganha quatro novos brothers
* Coordenador acadêmico do BAMBAM volta a tocar na banda brincando de deus
* Empreendedorismo vira tema de componente curricular do BAMBAM
* Melhora a infra-estrutura do BAMBAM
* Projeto arquitetônico do prédio do BAMBAM é apresentado à Congregação
* BAMBAM aprova mais uma área de concentração: artes e tecnologias contemporâneas
* Brothers podem criar cadastro para ter acesso à internet
* BAMBAM aprova três primeiras áreas de concentração dos BIs
* Brothers do BAMBAM já podem estagiar via CIEE

Então, jornalismo, RP, idéia do que é notícia e do que é número: Perrrrdéu. A idéia geral pode ser de informar, mas o efeito é criar uma aura vezda, uma capa, uma camada de informações que dizem que a coisa está viva e operante, mantém o assunto no ar. Isso é próprio da escola pública ou só da Universidade Nova? vide os 400 golpes , 440 componentes curriculares saídos de não sei que conta. Se não ouso criticar nada mais do meu antigo e novo espaço acadêmico, com isso aí eu não simpatizo, primo, porque dá lugar a um certo partidarismo, um certo vazio de propósito. Secondo, por que desvia da lenta reflexão para o afogamento de evidências de uma realidade que se deseja construir. Tercio, porque é notícia ruim.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O Navio Negreiro

E eis que às 06:30 da manhã, vindo pra cá e lembrando Joaquim Nabuco:

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...


Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .

São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...

Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

Que a brisa do Brasil beija e balança...
Que a brisa do Brasil beija e balança,