quinta-feira, 26 de julho de 2012

Vidas Desperdiçadas

Sobre os consumidores falhos:

O mundo, ao que parece, deu outro giro, e um número ainda maior de seus habitantes, incapazes de aguentar a velocidade, caiu do veículo em aceleração - enquanto um contingente maior dos que ainda não embarcaram não conseguiu nem mesmo correr, segurar no veículo e pular para dentro.



Bauman, Zygmunt. Vidas Desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. p. 23.

Cecília e mais

Cecília
No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta



E mais


Lembrei desses versos de Cecília pensando no equilíbrio das coisas, esse invento da superstição que nos faz cogitar a possibilidade de um série de fatos secundários e não relacionados poderem determinar outro, do qual dependemos ou a que estamos ligados.


Sendo assim, lembre-se do que você estava fazendo em 17 de junho e repita tudo, porque foi nesse dia que o Bahia ganhou sua última partida. Faz um mês e nove dias, mas já já podem ser dois meses: os próximos adversários são Palmeiras (hoje), Corinthians e Grêmio, tradicionais páreos duros quando temos um bom time, ainda mais com esse aí.

-----> RECLAMAÇÃO DO POTENCIAL LEITOR: ISSO AQUI NÃO É SOBRE FUTEBOL! <-----


Ok. Isso aqui não é futebol, sempre. É que agora não tenho nada pra dizer, a não ser que as olímpiadas me dão vontade de ser atleta ou de ser cantor de cabaré, por que com essa idade só posso ir agora pra olímpiada master seniors.   


SE alguém tiver alguma informação acadêmica sobre homens-lentos, esse é o conceito que tenho que estudar agora.


SE alguém tiver informações sobre coisas legais de se fazer em Vegas ou em Nova Iorque, principalmente se for uma dessas coisas maravilhosamente baratas e espantosamente sensacionais que de vez em quando aparecem por aí, me digam. Quero passar duas semanas faalando inglês no Central Park ou algo assim. Ou andando de bicicleta, ou cozinhando com Mario Batali.

Se alguém souber como consertar guitarras, comprar peças, montar tudo, tocar, etc, me diga.


Enfim, terminando. A luta continua e quem sabe a UFBA divulga aí o dia do meu curso de alemão.

 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

A lenta descida²

Quando levamos porrada do Botafogo, há dois jogos, eu vim aqui dizer que o Bahia desce uma ladeira enorme que vai dar na segunda divisão. Isso não é disputar campeonato, é queda livre. Dois jogos depois, duas derrotas depois, seis gols depois, não parece que eu estava errado.

Nessa semana (chata é apelido) vi muita gente afirmando com tweeter cheio "certeza que não cairemos". Receitas mágicas, palavras vazias.

Vi muitos "repórteres" elogiando a suposta qualidade do elenco do Bahia. Muita gente diagnosticando a solução na base, no banco.

Vi também o Premiere FC que se sustenta  do futebol do RJ (mas que eu pago igualzinho) fazer o que sempre fez: babar o sudeste.

Só não vi foi bola.

A janela de contratações internacionais vai embora e trouxemos apenas uma grande dúvida.
Daqui, trouxemos um jogador do grande olaria para completar o sub-23 (porque vamos disputar a olímpiada, só pode).

E esse foi apenas o capítulo 2. Domingo tem mais, e dezembro nunca esteve tão longe.

domingo, 8 de julho de 2012

Queria ver

Queria ver sua boca tomar uma taça de vinho (mas não confunda com uma carta vulgar)

São tantos os seus pudores
Não sai na chuva
Não fala em público
Não bebe álcool

E eu
Queria ver sua boca tomar uma taça de vinho

Seus tantos poderes
Transformá-los todos em volúpia
Tornar seu plano sério um desvario
Vibrar

Queria tanto
Um passo, uma taça
Um baile imaginado
Uma perna, outra, um passo

Mas não confunda com uma carta vulgar







A lenta descida

Então vejamos.

O futebol é um esporte de circunstâncias especiais, de reviravoltas, de superação e de invenção. Onze contra onze, e o resultado só está seguro quando o monsieur l'arbitre apita e fim de papo.

Pois lá vai o Bahia. Quem viu a partida de ontem entre Botafogo e Bahia só pode pensar que o futebol é o contrário de tudo isso, um esporte em que dois times entram em campo e o maior massacra o menor, que não pode fazer nada a respeito, e que sempre é assim.

Quem viu o Bahia ontem só pode pensar que no final do campeonato o Bahia será rebaixado e nunca mais retornará à primeira divisão, quiçá poderá se manter na segunda. Quem viu o Bahia até esta oitava rodada do campeonato brasileiro só pode imaginar um cortejo fúnebre que culminará num enterro lá em dezembro.

Tem jeito? Sei não. Se pensarmos que faz três anos que o time busca laterais, e que o melhor até aqui foi Dodô antes da perna quebrada ou Jancarlos antes do estirão ou Ávine entre as mil cirurgias, só podemos concluir que se der uma chuva de Xuxa, Pelé vai cair de maca no fazendão, machucado e em péssima fase. Se houver uma liquidação de lateral na Espanha, o Bahia fica preso na imigração e é deportado sem comprar nenhum. Se aparecer um Garrincha na série D, o Bahia vai perder ele pra um olheiro do Íbis. Aí fica puxado.

O jeito poderia ser contratar uma mãe de santo cura tudo da igreja universal. Mas vai que ela se machuca, hein? Vai que ela cura um e o contrato acaba e outro time leva, hein? Vai que na hora o cara acha que ela é da posição, mas bota um volante no lugar?

Era só pra dizer que entramos na zona e dela não sairemos jamais. Pelo menos até a próxima rodada.