domingo, 29 de dezembro de 2013

Páramo

Pensava fazer um poema, mas há todas essas coisas que escrevemos e apagamos. Vim a Comala por que me disseram que aqui vivia meu pai. Seria assim. Inútil, inexpressivo, mas definitivo.  Um poema.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Do http://www.teatronu.com


Prefeito ACM Neto cancela shows do final de ano e anuncia R$ 6,5 milhões para a cultura de Salvador

Da redação
O Prefeito ACM Neto provou que não veio para brincadeiras e que a sua gestão entrará para a história de Salvador. Com uma postura ousada, digna dos grandes líderes, o “pequeno notável” cancelou os festejos de final de ano (quatro noites de shows e queima de fogos de artifício) e anunciou a criação de uma política cultural com lançamento imediato de novos editais com o mesmo montante que seria gasto no Réveillon: “Não podemos gastar R$ 6,5 milhões em quatro noites. É uma atitude irresponsável e eu sou o prefeito da cidade. Não posso permitir isso. Nós vamos investir na economia da cultura, dar condições mínimas para que mais de 1.000 produtores, diretores, atores, músicos, escritores e dançarinos possam viver daquilo que nos alimenta durante todo o ano e para sempre: Arte !”, disse um prefeito emocionado para uma platéia que lotava as dependências do Palácio Tomé de Souza, em Salvador.
A classe artística quase foi às lágrimas, parecia não acreditar no que estava acontecendo. No mesmo evento, foi anunciada a criação da “Bolsa de Projetos” a ser gerenciada por uma comissão permanente que vai avaliar a realização e resultados dos projetos contemplados nos editais municipais. A partir daí, serão criadas linhas independentes que visam estimular o surgimento de jovens talentos, além de dar garantia de continuidade aos artistas e projetos consolidados: “Estudamos os melhores sistemas de financiamento cultural no mundo e chegamos a uma proposta inovadora, que garante a continuidade da produção artística”, concluiu o prefeito.
Muitos dos presentes ficaram um tanto frustrados por não conseguirem enxergar o burgomestre durante a cerimônia, mas a imensa maioria se mostrava muito contente diante das novidades:  “Creio que estamos assistindo a uma revolução na vida cultural da cidade. Compreenderam, finalmente, que editais são instrumentos e não se constituem, por si só, como política”, afirmou o cineasta Cláudio Marques. “Eu já estava ficando maluco com essa quantidade de festas. Foram sete dias em homenagem ao Samba e agora, seriam mais quatro para celebrar a passagem do ano, que tradicionalmente, em qualquer lugar do mundo, é celebrada apenas em uma noite, a última do ano”, disse, por sua vez, o arquiteto Márcio Correia Campos.
Até mesmo os mais céticos bateram palmas para a iniciativa: “Eventos, shows, festas… isso é uma anti-política cultural, um atentado a cidade. Ou melhor, era. Felizmente, ACM Neto teve a grandeza e o bom senso e interrompeu esse processo”, comentou o dramaturgo Gil Vicente Tavares, crítico costumeiro da apatia e imbecilidade soteropolitanas. O poeta e agitador cultural, James Martins, foi um dos mais comedidos diante do anúncio “Precisamos esperar um pouco, ler o decreto na íntegra para ver se o teatro profissional foi finalmente contemplado. Precisamos saber qual a importância que a literatura vai ter nessa política”.
Os bastidores
Um funcionário da prefeitura, que preferiu o anonimato, contou para a reportagem que toda essa reviravolta começou há algumas semanas, na Fundação Gregório de Mattos. Foi lá que o presidente do órgão municipal responsável pela cultura, Fernando Guerreiro, em dia de forte depressão, levantou-se de súbito gritando para quem quisesse escutar “Ou levam a cultura a sério ou eu vou embora !”. Na noite anterior, Guerreiro havia se encontrado com o Secretário de Cultura do Estado da Bahia, Albino Rubim, que demonstrara também uma grande dose de tristeza frente à situação de contingenciamento de verbas, promovida pelo Governo do Estado. Albino confidenciou para o colega que se sentia humilhado, sem forças e que se arrependia por não ter largado o cargo anos antes, quando o Governador impôs a mudança do IRDEB da pasta de cultura para a de comunicação, contra a vontade dele e de todos da cultura. “Estamos emprestando o nosso nome, a nossa história e a nossa honra para dar credibilidade a essa gente, que, no fundo, não nos respeita”, teria dito Albino. “Meu Deus, que vergonha eu passei com aquela história de ‘Cultura em Campo’… que vergonha promover aquilo, como eu me arrependo…”, confidenciou ao colega.
De alguma forma, aquela conversa mexeu com os brios de Guerreiro, que fez valer o seu sobrenome e impôs condições radicais para a sua permanência no cargo. ACM Neto, ao que tudo indica, entendeu o recado e tomou a atitude que rompe com a lógica levada a cabo pelo seu avô, de promoção de grandes eventos aliada à concentração de verbas nas mãos de poucos gestores culturais, em detrimento de ampla maioria de artistas locais.
Caetano Veloso e Gilberto Gil, estrelas contratadas pela Prefeitura e que tiveram seus shows cancelados, não se mostraram chateados com a decisão: “O futuro está nos jovens!”, exclamou um sorridente e brilhante músico e ex-ministro da cultura, que se revelou contente por ver aquele dinheiro irrigando um setor que precisa de pouco para dar tanto. Já Caetano também parabenizou o prefeito pela iniciativa, mas pediu que da próxima vez ele seja avisado com um pouco mais de antecedência. “Eu tinha uns cinco ou seis convites… mas, tudo bem. Ele está fazendo o que é certo”. A produtora Flora Gil, responsável pela organização do evento, não quis tecer nenhum comentário sobre a mudança de planos da Prefeitura. A amigos, ela teria dito que quem perdia com isso era a população de Salvador, pois os cachês dos shows seriam pagos por patrocinadores privados. “A prefeitura não pode e nem deve competir com os produtores locais em busca de patrocínio. Não é essa a sua função. O dever do poder público não é o de promover festas, mas sim de criar políticas que auxiliem no desenvolvimento do que há de mais criativo e elaborado em nossa cidade”, declarou o professor da UFBA, Ordep Serra.
Não há como negar o impacto positivo dessa medida a curto, médio e longo prazos para Salvador. Se por um lado, a economia da cidade agradece, por envolver milhares de pessoas, direta e indiretamente, por outro cria-se um valor não comensurável, pois o nome de Salvador e de seus habitantes será propagado pelos quatro cantos do mundo, por muito tempo.



sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Refratária


Ignorância minha
pensava de ti
que repele poesia
que não esquenta nem esfria
refratária

corri ao google
refratário esquenta
cozinha
ferve dentro
queima fora
derrete

repelente
é a palavra
seria

repelente é o que mantém distante
tu estás perto
mas nem sente
ouve
mas nem se move

não entende
não liga

indiferente

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Meme

Não há
Fora deste assunto

Não há
Fora desta forma

Não há

Irresistível
Esta forma

Irresistível
Este assunto

Irresistível

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Poema Post

Esta mensagem
Ícone replicante
publico aqui

Veja você
replique

esta mensagem
é você

eu não a fiz
não a criei
não me mostrei

Não a discuto
Não a mesuro
Não condescendo

Outros que criem
Outros que digam
Outros que façam

eu emudeço

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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

De Rerum Novarum

É preciso uma nova poesia
de outra substância
um poema post

Um poema de postar-se ao facebook
poema de 140 caracteres
poema de compartilhar-se entre fileiras
entre listas das redes sociais

Um poema que fale de animais
de regimes, de bravatas
um poema sobre os protestos de julho

É preciso, senhores, senhoras, leitores
uma poesia de outra substância
um poema post

Porque, cansado
assisto à morte,
assisto à vida,
assisto ao sofrimento dos meus irmãos,
no silêncio dos sorrisos estampados
assisto e ninguém mais vê
eu choro e ninguém mais
e eu

É preciso uma nova poesia




sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Andava Simão pelo deserto
Encontrou uma lâmpada
Qual pedido, qual nada
Preferiu levá-la a uma tenda ali por perto

 A Luz tá pela hora da morte.

sábado, 10 de agosto de 2013

Dedico esta canção

Você minha amiga
ia casar comigo
por onde anda?
será que tem filho,
que dorme na rua
que trai o marido?

Você meu amigo
quebrou meu brinquedo
emprestou minha fita
e não devolveu
Será que está preso
ou nunca cresceu?

Você bem famosa
calçava duas meias
e eu queria imitar
Você milionário
desfilava carros
eu via passar

Você que eu não fui,
você que eu queria
 e a vida tirou
Você que eu era
não se conformava
e já descansou

Esse poema
É dedicado a você.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Me avise quando for a hora

Naquele tempo na face das águas
Eu tinha barba e um olho vazado
Era a emoção de uma porteira e estrada
Caminho de sonhador avexado

Ao céu pedia um amor de encomenda
Tanta vida, e eu alheamento
Pensava que era só chegar os dias
E o que eu sentia ir pro esquecimento

Mas eis.

Sete anos labutou Jacó com seu Labão
Por amor de Raquel, serrana bela
A vida lhe deu Lia, e não queria
Para tanto sonho vão, tão vil a vida.


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Se você fosse eu

Se você fosse eu, certamente não estaria escrevendo este texto. Talvez não tivesse escolhido esse nome e eventualmente não escreveria textos aleatoriamente. Já seria um começo.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Where It is Nowhere


Eu não ando para rodeios ultimamente, então vamos ao ponto. O não lugar, por definição, "não permite que o sujeito possa exercer sua identidade, não permite que ele estabeleça relações profundas, não é histórico". Para mais ou para menos.

Aí eu vou para o centro do não-lugar, o mais icônico. Especificamente atrás da maquineta, sozinho com sua sorte e sua moeda, não está ninguém é um usuário. Mas ninguém está só atrás da maquineta sempre. Do avião vê-se a Strip, o deserto. As luzes, com sorte. Da limousine, o Hard Rock, o Planet Hollywood. Em cada casino, vê-se um ícone que leva a outro lugar. Mas o que é um ícone? Um objeto que representa outro, simplesmente? 

Nunca fui a Roma, mas estava ali na minha frente a Fontana tão famosa, o piso que me advertiram ser como o original, e o teto que meu livro de história me disse que era da capela. Eu, usuário, me envolvo em uma relação de símbolo-significado. Eu relaciono cada ícone com algo que me é superficial, Roma, com o que é da minha subjetivação mais profunda, Paris, com o que se parece com a imagem que quero simular de mim, limousines e luzes, ali, em tempo real e virtual, via twitter e e-mail. O Ipad que aqui vendem não é caro como os de lá.

E quem é este eu que desfila sob o sol de 43º? Sussurro em português, sou latino, falo inglês com meu certificado vencido, me reconhecem, sou latino. Falo com os franceses perdidos, sou latino. Pergunto pelo futebol, sou latino. Não entendo os lances do baseball, o Fathers Day em junho, o arremate do golf, sou latino. Tenho um metro e meio, pele morena, cabelo escuro, olho escuro, creio em Deus Pai Todo Poderoso.

O não lugar é aqui, na Fonte Nova, onde vou cheio de medo e não vejo minha arquibancada, meu lugar, meu time, meus companheiros. Implodiram meus iguais, minha história e a mim mesmo.

Fim do esboço.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Notícias frâiches nesse disco

Geralmente eu começava um post com um assunto aleatório até lembrar de algo importante e ter um acesso de raiva até esgotar a pauta. Acontece que não tenho mais assuntos importantes desse gênero, pelo menos por enquanto. A fifa está lenhando a cidade, e daí, o Bahia precisa de uma Revolução, e daí, François Hollande tem uma popularidade de cão, e daí. Nada mais importa e nada mudou. [Sub Lead]

Aprendi com Venturi a perceber os letreiros de Las Vegas como uma demonstração da transformação da relação entre nós e as imagens/ícones, sobretudo como efeito da velocidade e da vida do ponto de vista do automóvel. Um dos exemplos do livro "Aprendendo com Las Vegas" é o letreiro do Stardust.

 


- Jaz aqui, quer dizer lá, depois da demolição, porque o ritmo de Vegas é de intensa transformação, renovação, superação:

 

É uma parábola. Tentei inventar um tópico 2, mas não é possível enrolar os senhores leitores a esse ponto. Sinto muito, mas o twitter me deixou burro demais e tudo além de poucas palavras me deixa envergonhado.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Viva a sexta-feira na quarta!


Dá-me um título


Eu ia escrever, pampampampam, mas esqueci.

Esqueci, tindolelê, esqueci, tindolalá.

Quando eu lembrar, tindolelê, eu vou voltar, tindolalá.

 Solidariamente,

o Coronel