sexta-feira, 30 de abril de 2010


estrela miúda

Composição: João do Vale

Estrela miúda que alumeia o mar
Alumiá terra e mar
Pra meu bem vir me buscar
Há mais de um mês que ela não
Que ela não vem me olhar

A garça perdeu a pena
Ao passar no igarapé
Eu também perdi meu lenço
Atrás de quem não me quer

Estrela miúda que alumeia o mar
Alumiá terra e mar
Pra meu bem vir me buscar
Há mais de um mês que ela não
Que ela não vem me olhar

A onda quebrou na praia
E voltou correndo do mar
Meu amor foi como a onda

E não voltou pra me beijar

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Notícias

O Filho que eu quero ter
Vinicius de Moraes

É comum a gente sonhar, eu sei
Quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer

Vejo um berço e nele eu me debruçar
Com o pranto a me correr
E assim, chorando, acalentar
O filho que eu quero ter

Dorme, meu pequenininho
Dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho
De tanto amor que ele tem

De repente o vejo se transformar
Num menino igual a mim
Que vem correndo me beijar
Quando eu chegar lá de onde vim

Um menino sempre a me perguntar
Um porquê que não tem fim
Um filho a quem só queira bem
E a quem só diga que sim

Dorme, menino levado
Dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado
De tanta dor que ele tem

Quando a vida enfim me quiser levar
Pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar
No derradeiro beijo seu

E ao sentir também sua mão vedar
Meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar
Num acalanto de adeus

Dorme, meu pai, sem cuidado
Dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado
Com o filho que ele quer ter

O Caderno
Toquinho

Sou eu que vou seguir você
Do primeiro rabisco
Até o be-a-bá.
Em todos os desenhos
Coloridos vou estar
A casa, a montanha
Duas nuvens no céu
E um sol a sorrir no papel...

Sou eu que vou ser seu colega
Seus problemas ajudar a resolver
Te acompanhar nas provas
Bimestrais, você vai ver
Serei, de você, confidente fiel
Se seu pranto molhar meu papel...

Sou eu que vou ser seu amigo
Vou lhe dar abrigo
Se você quiser
Quando surgirem
Seus primeiros raios de mulher
A vida se abrirá
Num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel...

O que está escrito em mim
Comigo ficará guardado
Se lhe dá prazer
A vida segue sempre em frente
O que se há de fazer...

Só peço, à você
Um favor, se puder
Não me esqueça
Num canto qualquer

terça-feira, 13 de abril de 2010

ginástica

Jardineiro do meu pai
Não me corte os cabelos
Minha mãe me penteava
Minha madrasta me enterrou
Pelo figos da figueira
Que o passarinho bicou
Xô! Passarinho, da figueira do meu pai...

Bem, é assim que está por aí a música da madrasta que eu tentei lembrar na aula, falando de minha avó querida. Quem disse que eu lembro assim?

a minha música é:
(o carpinteiro corta os galhos da figueira!)

Carpinteiro do meu pai
Não me corte meus cabelos
minha mãe me penteava
o meu pai me enfeitava
a madrasta me enterrou
por um figo da figueira
que o passarinho bicou...

[não tem xô nenhum, xô é do sabiá, lá vem a chuva, em beira mar, vai ver teu ninho pra não molhar - xô sabiá]

Muda a métrica da melodia, mas a idéia é a mesma... tem um pouco mais de participação paterna, mas talvez fosse vovó me enfeitava, aí eu não lembro bem, o importante é os dois versos em ava, ascendentes, e depois o descendente enterrou, breve pausa, o figo etc.
e o fantástico causo da gravidez fingida que a madrasta usara para conquistar o pai, difarsando a barriga em lençóis. Quando o pai descobre a filha, descobre junto a barriga, começa a puxar os lençóis e a madrasta vai embora puxando lençóis que nunca acabam, terminando louca. Segundo minha avó, todo o enxoval da casa era dos lençóis que a louca deixou na rua (principalmente o que eu estivesse enrolado).


Taí, lembrei.