ASSANHAMENTO
8.VIII.1970
Que venha o censo de 70
e com ele venha
a recenseadora mais bacana,
aquela que ao dizer, com voz de acúcar
(a doce voz é a melhor senha):
"Preencha direitinho
este questionário, por favor",
tenha sempre dos homens a resposta:
"Por você, minha flor,
preencho tudo, sou capaz até
de reclamar duzentos questionários,
passando a vida inteira a preenchê-los,
mesmo os mais complicados e mais vários,
tendo-a ao meu lado, é claro, a me ajudar."
Ah, por que o Governo
não faz todo ano um censo cem por cento
com uma garota assim, a censear?
Por que não reformula
a engrenagem severa da Fazenda
e bota a coleção dessas meninas
cobrando a domicílio
(pois resistir quem há-de ao seu veneno)
todas as taxas, todos os impostos,
inclusive - terrível - o de renda?
Carlos Drummond de Andrade (Amar se aprende amando)
quarta-feira, 27 de abril de 2011
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Evangelho Segundo Jesus Cristo, de Saramago: Passagem.
O remorso de Deus e o remorso de José eram um só remorso,
e se naqueles antigos tempos já se dizia, Deus
não dorme, hoje estamos em boas condições de saber
porquê, Não dorme porque cometeu uma falta que nem
a homem é perdoável. A cada filho que José ia fazendo,
Deus levantava um pouco mais a cabeça, mas nunca virá
a levantá-la por completo, porque as crianças que morreram
em Belém foram vinte e cinco e José não viverá
anos suficientes para gerar tão grande quantidade de filhos
numa só mulher, nem Maria, já tão cansada, já de
alma e corpo tão dorida, poderia suportar tanto. O pátio
e a casa do carpinteiro estavam cheios de crianças e era
como se estivessem vazios.
e se naqueles antigos tempos já se dizia, Deus
não dorme, hoje estamos em boas condições de saber
porquê, Não dorme porque cometeu uma falta que nem
a homem é perdoável. A cada filho que José ia fazendo,
Deus levantava um pouco mais a cabeça, mas nunca virá
a levantá-la por completo, porque as crianças que morreram
em Belém foram vinte e cinco e José não viverá
anos suficientes para gerar tão grande quantidade de filhos
numa só mulher, nem Maria, já tão cansada, já de
alma e corpo tão dorida, poderia suportar tanto. O pátio
e a casa do carpinteiro estavam cheios de crianças e era
como se estivessem vazios.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Vós.
Passando só pra dizer que o pronome vós só é utilizado na Bíblia e no teatro de Shakespeare, sendo assim quando eu vou usar o "vous" em francês ica parecendo que estou declamando o sermão da montanha, então eu uso o "tu", que quer dizer você, então fica parecendo que eu sou um jegue pré-histórico selvagens-bárbaros. Vós e ocêis.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
O bilionário BRT
Salvador está sangrando em silêncio. Uma hemorragia. Um rio. Desde 99, e mesmo antes, essa ferida está aberta. Agora o tumor já está instalado e não há o que fazer com ele. Mede metros e mais metros de altura, pesa toneladas de concreto e se estende por seis quilômetros de pilastras fálicas e pistas inconclusas, romances de concreto, asfalto e terra sobre nossas cabeças, sem contar os outros seis humilhantes quilômetros que nos tiram da cidade para lugar nenhum.
Falo do metrô, se ainda não pareceu.
Quando surgiu, em um horário político do pfl de imbassaí, era uma provocação: olha como nós sugadores e viúvos de empresários conseguiremos transformar barroco em 2012, uma odisséia! conseguiram. No começo não consguiam explicar porque os trens do subúrbio não poderiam ligar-se à nova rede do metrô. A bitola, diziam, a abertura dos trilhos de um e do outro não são compatíveis, os vagões de um e de outro não podem conviver. E colocaram as pernas no frankstein.
Depois, silêncio sobre a liberdade. Planos inclinados e afins para distrair.
Depois, um viaduto e o metrô copulando no ar.
Depois, um tobogã nunca antes visto na história desse país.
Depois, vagões pagando aluguel mais caro do que no banheiro da suíte de ivete.
Depois, o cqc e o caso das estações sem banheiro e do tobogã sem pai.
Depois, o exército e a revista das contas subversivas. Agora isto.
Passaram Imbassaí duas vezes, João duas vezes, e o bicho nada. desculpa daqui e dali. Quem quer que tenha andado em Barbés-Rochechouart ou em uma estação de maria fumaça sabe que um trem é um negócio de dois trilhos e uma rampa pra se alcançar a porta, pronto.
Agora isto.
Depois de dizerem, depois de nós dizermos mil vezes, João Bobão vem e diz que assim como ele tinha dito é que não poderia ter sido.
A verdade é que tem um coletivo de hienas esperando esse projeto sangrar. Tem um comboio de empresários esperando pra colocar seus ônibus nosso derriére adentro.
Tem gente provando no "salvador em Movimento" um blog que o A tarde (na linha dos 170 demissionáveis, da entrevista censurada de ivete etc) acoberta, digo, hospeda, e que o SETPS imprime e distribui, que O brt é a solução, por exemplo, para a paralela.
Ônibus solução para paralela? por que alguém andaria do Le Parc até o centro da paralela por passarelas equilibristas pra pegar um ônibus atrasado? Porquê um veículo movido a derivados de petroleo é preferível a um elétrico? como resolver tráfego com mais tráfego?
Aí, não fosse nada, não tivesse nada, vem joão bobão e corta o negócio pelo meio dizendo que é muito caro, pra depois dizer que curto é que é muito caro e que assim não vai poder por que "ninguém vai andar no metrô".
É demais.
Esse cara ganhou de Walter Pinheiro.
Se você votou em João Bobão, taí.
Falo do metrô, se ainda não pareceu.
Quando surgiu, em um horário político do pfl de imbassaí, era uma provocação: olha como nós sugadores e viúvos de empresários conseguiremos transformar barroco em 2012, uma odisséia! conseguiram. No começo não consguiam explicar porque os trens do subúrbio não poderiam ligar-se à nova rede do metrô. A bitola, diziam, a abertura dos trilhos de um e do outro não são compatíveis, os vagões de um e de outro não podem conviver. E colocaram as pernas no frankstein.
Depois, silêncio sobre a liberdade. Planos inclinados e afins para distrair.
Depois, um viaduto e o metrô copulando no ar.
Depois, um tobogã nunca antes visto na história desse país.
Depois, vagões pagando aluguel mais caro do que no banheiro da suíte de ivete.
Depois, o cqc e o caso das estações sem banheiro e do tobogã sem pai.
Depois, o exército e a revista das contas subversivas. Agora isto.
Passaram Imbassaí duas vezes, João duas vezes, e o bicho nada. desculpa daqui e dali. Quem quer que tenha andado em Barbés-Rochechouart ou em uma estação de maria fumaça sabe que um trem é um negócio de dois trilhos e uma rampa pra se alcançar a porta, pronto.
Agora isto.
Depois de dizerem, depois de nós dizermos mil vezes, João Bobão vem e diz que assim como ele tinha dito é que não poderia ter sido.
A verdade é que tem um coletivo de hienas esperando esse projeto sangrar. Tem um comboio de empresários esperando pra colocar seus ônibus nosso derriére adentro.
Tem gente provando no "salvador em Movimento" um blog que o A tarde (na linha dos 170 demissionáveis, da entrevista censurada de ivete etc) acoberta, digo, hospeda, e que o SETPS imprime e distribui, que O brt é a solução, por exemplo, para a paralela.
Ônibus solução para paralela? por que alguém andaria do Le Parc até o centro da paralela por passarelas equilibristas pra pegar um ônibus atrasado? Porquê um veículo movido a derivados de petroleo é preferível a um elétrico? como resolver tráfego com mais tráfego?
Aí, não fosse nada, não tivesse nada, vem joão bobão e corta o negócio pelo meio dizendo que é muito caro, pra depois dizer que curto é que é muito caro e que assim não vai poder por que "ninguém vai andar no metrô".
É demais.
Esse cara ganhou de Walter Pinheiro.
Se você votou em João Bobão, taí.
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