domingo, 24 de novembro de 2019

Voltar
Ao instante em que eu não sentia
Esse amor

E a órbita dos planetas estava em seu lugar

Antes
Do segundo perdido em que você sorriu
E eu sorri

Voltar
Antes da dúvida
Quando eu nunca tinha segurado a sua mão

Antes que você dissesse olha
E eu dissesse sabe
E antes de você nascer
Antes de eu nascer

Voltar
Antes do espírito se mover
Sobre a face das águas

Antes da hora em que
Antes do sopro que
Antes de

Voltar
E desviar o olhar
Me atrapalhar
Turvar a água
Tocar buzina
Mudar de assunto
Dançar um tango
Pneumotórax

Voltar

domingo, 17 de novembro de 2019

Um homem tinha uma figueira em seu vinhedo
Nunca que figo encontrava

Mas pra quê uma figueira no vinhedo

De certo que sonhava
Um fruto que não servisse ao vinho

O lavrador pediu ao homem
Espera que eu semeie essa figueira
Ainda não a arranque

De certo o lavrador temia
Matar a figueira
depois de tanto caminho

Assim homem e lavrador
Desconhecendo a razão da figueira
Falavam por suas naturezas de homem e de lavrador

A figueira era

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Visita

Sobe
Que eu vou abrindo a porta
Aqui vai ser o novo mundo
Nós dois e mais nenhum assunto

Eu quero descobrir
Quais são os seus segredos
Misturar seus planos
Com meus desenganos
Se você deixar

E nesse apartamento
A voz do seu silêncio
Cerca
Eu ouço o seu desejo espalhando medo
Será que eu fiz a coisa certa?
é tã bom ter você
por perto

Senta
E vai abrindo o jogo
Me diz qual é a porta certa
Pra abrir o teu sorriso

Eu quero esconder atrás do seu ouvido
A rota certa do universo

Deitar no teu cabelo
E acordar contigo
Ouvir você contando
Que sonhou comigo
E foi um sonho bom

E nesse apartamento
O som do seu desejo
me liberta
Eu ouço o seu silêncio
Espantando o medo
E a casa já não é
deserta

E eu nem sei
Porque demorou tanto