sexta-feira, 28 de junho de 2013

Where It is Nowhere


Eu não ando para rodeios ultimamente, então vamos ao ponto. O não lugar, por definição, "não permite que o sujeito possa exercer sua identidade, não permite que ele estabeleça relações profundas, não é histórico". Para mais ou para menos.

Aí eu vou para o centro do não-lugar, o mais icônico. Especificamente atrás da maquineta, sozinho com sua sorte e sua moeda, não está ninguém é um usuário. Mas ninguém está só atrás da maquineta sempre. Do avião vê-se a Strip, o deserto. As luzes, com sorte. Da limousine, o Hard Rock, o Planet Hollywood. Em cada casino, vê-se um ícone que leva a outro lugar. Mas o que é um ícone? Um objeto que representa outro, simplesmente? 

Nunca fui a Roma, mas estava ali na minha frente a Fontana tão famosa, o piso que me advertiram ser como o original, e o teto que meu livro de história me disse que era da capela. Eu, usuário, me envolvo em uma relação de símbolo-significado. Eu relaciono cada ícone com algo que me é superficial, Roma, com o que é da minha subjetivação mais profunda, Paris, com o que se parece com a imagem que quero simular de mim, limousines e luzes, ali, em tempo real e virtual, via twitter e e-mail. O Ipad que aqui vendem não é caro como os de lá.

E quem é este eu que desfila sob o sol de 43º? Sussurro em português, sou latino, falo inglês com meu certificado vencido, me reconhecem, sou latino. Falo com os franceses perdidos, sou latino. Pergunto pelo futebol, sou latino. Não entendo os lances do baseball, o Fathers Day em junho, o arremate do golf, sou latino. Tenho um metro e meio, pele morena, cabelo escuro, olho escuro, creio em Deus Pai Todo Poderoso.

O não lugar é aqui, na Fonte Nova, onde vou cheio de medo e não vejo minha arquibancada, meu lugar, meu time, meus companheiros. Implodiram meus iguais, minha história e a mim mesmo.

Fim do esboço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário