1999
Às dez me chegou uma carta.
Dizia a mim: Morres amanhã.
Engraçado que não revoltei.
Desesperei-me em saber:
- O que fazer até a hora?
Pensei em lhe ver. Pensava assim Enquanto estava ao seu lado. Engano.
Atinei para a possibilidade de fugir. Impossível. Para amanhã o mais longe que posso ir é na esquina.
Talvez não haja nada a fazer.
São doze e já não sei.
O que faço até amanhã?
Sem dúvida que morro aos poucos. O faço sempre.
Vou cantar. Passarei as minhas horas cantando. Que sentido?
Mesmo nenhum. Que sentido faz uma sentença por carta?
Cantarei até amanhã, depois morro.
O que fazer até amanhã? Amar! Amar até a hora chegar, enquanto isso amamos...
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