Mostrando postagens com marcador tom. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador tom. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ela

Às vezes ela
no meu sonho
escuta e ri

às vezes ela
no meu sonho
toca em mim

às vezes fala
quase nunca
às vezes sim.

Ela sou eu
se sonho eu
com meu lembrar?

Ela sou eu
que uso dela
para sonhar?

Às vezes ela
quando a vejo
é só sorriso

Às vezes nada
me vira a cara
é meu castigo

Às vezes chora
e se a procuro
já está dormindo.

Que sonha ela
sonha com deuses
ou só comigo?

Que sonha ela
sonha comigo
me ignora?

Será que quando
sonho com ela
sonha comigo?

estranha trama
esta distância
esta frequência

este convívio
em laço onírico
quanto capricho

pois se acordo
sonhei com ela
já não está

se adormeço
ainda é sonho
vou acordar

entre o real
e o lençol
quanto vagar:

preferiria
noites em claro
sem fraquejar

desejaria
sonho acordado
sem despertar

desde que inerte
pudesse tê-la
fosse real

desde que vivo
tê-la ao meu lado
fosse carnal.

Se durmo ou não
o que ela faz
me é negado

se sim eu sonho
sonho comigo
esse é o pecado

sonho com o sonho
de um desejo
que anda ao meu lado

sonho com o sonho
não é com ela
é com o passado.

Pois acordado
se bebe e fuma
e anda nas ruas

se anda com outros
frequenta os bares
é só mais uma

é minha culpa
que no meu sonho
a invento outra

é meu delírio
que fale manso
que troque a roupa

é meu engodo
que teça planos
mexa o cabelo

que ande em nuvens
que diga coisas
meu devaneio

que sonha ela
que mais importa
não é comigo

quem ela sonha
também retorce
é inventado

são isto os sonhos
Entre murmúrios
puro passado.

Quem dera fosse
dizer tranquilo
não sonho mais

quem dera apenas
seguir sonhando
fosse o bastante

pois se é o passado
que a cada noite
deita-se ao lado

não vai embora
fica mais perto
ela distante

será ainda mais
ela impossível
sonho inventado

será mais sonho
cada vez mais
ela presente

será depois
sonho do sonho
sonho dobrado.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

chico, o moço - Tom, o Macuco.

Este vai ser um post longo.
1)
para Chico Buarque Letra e Música - 1989

Carta ao Chico
Chico Buarque meu herói nacional
Chico Buarque gênio da raça
Chico Buarque salvação do Brasil

A lealdade, a generosidade, a coragem.
Chico carrega grandes cruzes, sua estrada é uma subida pedregosa.
Seu desenho é prisco, atlético, ágil, bailarino.
Let´s dance! Eterno, simples, sofisticado, criador de melodias bruscas,
nítidas, onde a Vida e a Morte estão sempre presentes, o Dia e a Noite, o
Homem e a Mulher, Tristeza e Alegria, o modo menor e o modo maior,
onde o admirável intérprete revela o grande compositor, o sambista, o
melo inventivo, o criador, o grande artista, o poeta maior, Francisco
Buarque de Hollanda, o jogador de futebol, o defensor dos desvalidos, dos desatinados, das crianças
que só comem luz, que mexe com os prepotentes, que discute com Deus e mora no coração do povo.
Chico Buarque Rosa do Povo, seresteiro poeta e cantor que aborrece os tiranos e alegra a tantos,
tantos...
Chico Buarque Alegria do Povo, até seu foxtrote é brasileiro.
Zonoi Norte, Malandragem, Noel Rosa, Sivuca, Neruda, Futebol, tudo canta na tua inesgotável Lyra,
tudo canto no martelo.
Bom Tempo, Bota água no feijão, Pra ver a banda passar, Vem comer, vem jantar, menino Jesus, dia
das mães, vou abrir a porta. Deus; Pai, afasta de mim este cálice de vinho tinto de sangue. Chico
também não evitou assuntos escabrosos, sangue, tortura, derrame, hemorragia...
Houve um momento em que temi pela tua sorte e te falei, mas creio que o pior já passou.

Chico Buarque homem do povo
Fla Flu, calça Lee, carradas de razão
Mamão, Jacarandá, Surubim
Macuco não, Pierrot e Arlequim
Você é tanta coisa que nem cabe aqui
Inovador, preservador, reencarnado, redivivo
Mestre da língua
Cabelos negros
Olhos de gatão selvagem
Dos grandes gatos do mato
Olhos glaucos, luminosos
Teu sorriso inesquecível
Ó, Francisco, nosso querido amigo
Tuas chuteiras caminham numa estrada de pó e esperança

Tom Jobim

New York, outubro de 1969

2)
Uma das coisas mais emocionantes - corta: uma das coisas desse tipo, o Rio e o Sol e o Amor emocionam, mas não são coisas desse tipo - que vi nos últimos tempos foi Chico falando da amizade com Tom Jobim e desses quase quinze ou quinze anos de sua subida ali pro Cristo. Chico falava do amor de Tom pelo Jardim Botânico do Rio, como ele dominava os nomes de tudo ali, como era seu consultor para assuntos da fauna e da flora, entre outras coisas. Ai tem a história do macuco. Macuco, o bicho, que os jornais trocavam por macaco quando aparecia nas cartas e notas de Tom, que os censores mudavam nas peças, que ninguém sabe direito o que é. Macuco vira maluco ou macaco, diz Chico. E diz das bebidas, das conversas, das companhias, de tudo da amizade deles, e se vê no fundo dos olhos azuis que é de verdade aquela dita saudade do amigo do outro lado do telefone, do outro lado da rua, do outro lado da mesa, pra falar do tempo do Jardim, dos malucos e dos macacos.

3) Por ocasião disso, olha o que eu encontrei e que ajuda na sua pesquisa, dindinha:
http://www.chicobuarque.com.br/sanatorio/censor.htm - Carlos Lucio Menezes, Ex-censor, concede entrevista ao site de chico buarque.

4)



5)