Abertura:
Cortinas fechadas, percussão, ponto.
Abre a cortina, luz no atabaque, silêncio.
Livro do desassossego, Bernardo Soares
declama:
Outrora eu era de aqui,
E hoje regresso um estrangeiro
Forasteiro do que vejo e ouço
Velho de mim.
Violas, pífanos, berros.
Canto de Guerreiro Mongoió - Elomar
Peão na Amarração - Elomar
Cantiga de Amigo - Elomar
Função - Elomar
Usina de Prata - Rosinha de Valença
Ainda Ontem Chorei de Saudade - Moacyr Franco (João Mineiro e Marciano)
Jardim da Fantasia - Almir Sater
Eu vivo num tempo de Guerra - Gianfrancesco Guarnieri
Apesar de Você - Chico Buarque
Vozes da seca - Luiz Gonzaga
Desafio - Tom zé
Bença Mãe - Luiz Gonzaga
Triste Partida - Luiz Gonzaga - Lamento Sertanejo Dominguinhos- Saudade da Minha Terra - Goiá e Belmonte
Vida Boa - Victor e Leo
Fé Lis - Mão Branca
Juazeiro - Luiz Gonzaga
Esperando na Janela - Targino Gondim
Faviela - Elomar
Bis
Com medo, com Pedro - Gilberto Gil
Back in Bahia - Gilberto Gil
Irene - Caetano Veloso
Adoro - Mundo de Prazer - Sonho Lindo - Muito Pra te dar - Magníficos
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sexta-feira, 15 de outubro de 2010
terça-feira, 13 de abril de 2010
ginástica
Jardineiro do meu pai
Bem, é assim que está por aí a música da madrasta que eu tentei lembrar na aula, falando de minha avó querida. Quem disse que eu lembro assim?
a minha música é:
(o carpinteiro corta os galhos da figueira!)
Carpinteiro do meu pai
Não me corte meus cabelos
minha mãe me penteava
o meu pai me enfeitava
a madrasta me enterrou
por um figo da figueira
que o passarinho bicou...
[não tem xô nenhum, xô é do sabiá, lá vem a chuva, em beira mar, vai ver teu ninho pra não molhar - xô sabiá]
Muda a métrica da melodia, mas a idéia é a mesma... tem um pouco mais de participação paterna, mas talvez fosse vovó me enfeitava, aí eu não lembro bem, o importante é os dois versos em ava, ascendentes, e depois o descendente enterrou, breve pausa, o figo etc.
e o fantástico causo da gravidez fingida que a madrasta usara para conquistar o pai, difarsando a barriga em lençóis. Quando o pai descobre a filha, descobre junto a barriga, começa a puxar os lençóis e a madrasta vai embora puxando lençóis que nunca acabam, terminando louca. Segundo minha avó, todo o enxoval da casa era dos lençóis que a louca deixou na rua (principalmente o que eu estivesse enrolado).
Taí, lembrei.
Não me corte os cabelos
Minha mãe me penteavaMinha madrasta me enterrou
Pelo figos da figueiraQue o passarinho bicou
Xô! Passarinho, da figueira do meu pai...Bem, é assim que está por aí a música da madrasta que eu tentei lembrar na aula, falando de minha avó querida. Quem disse que eu lembro assim?
a minha música é:
(o carpinteiro corta os galhos da figueira!)
Carpinteiro do meu pai
Não me corte meus cabelos
minha mãe me penteava
o meu pai me enfeitava
a madrasta me enterrou
por um figo da figueira
que o passarinho bicou...
[não tem xô nenhum, xô é do sabiá, lá vem a chuva, em beira mar, vai ver teu ninho pra não molhar - xô sabiá]
Muda a métrica da melodia, mas a idéia é a mesma... tem um pouco mais de participação paterna, mas talvez fosse vovó me enfeitava, aí eu não lembro bem, o importante é os dois versos em ava, ascendentes, e depois o descendente enterrou, breve pausa, o figo etc.
e o fantástico causo da gravidez fingida que a madrasta usara para conquistar o pai, difarsando a barriga em lençóis. Quando o pai descobre a filha, descobre junto a barriga, começa a puxar os lençóis e a madrasta vai embora puxando lençóis que nunca acabam, terminando louca. Segundo minha avó, todo o enxoval da casa era dos lençóis que a louca deixou na rua (principalmente o que eu estivesse enrolado).
Taí, lembrei.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

José de Ribera, San Sebastian 1651 - Museo Thyssen, MAdrid, Porta de Neptuno, Paseo del Prado.
Ontem, mais um ano, mais um dia, mais uma ausência: três batalhas tremendas. É como um grande exílio domiciliar, como o Abstinêncio que não sai mais à rua, como o Marianinho que não volta a Luar-do-Chão, como nós, que não vamos mais em casa.
"Terça-feira, Janeiro 20, 2009 ::: "
Eu dizia em 2006, e mais uma vez:
São Sebastião crivado de flechas, meu menino padroeiro, a ti damos louvores, Grande Mártir!!!
É assim que cantamos lá em casa e a voz de Tia Cé é a única que minha memória guarda, onde quer que eu esteja.
Bem aventurados os que choram, porque serão consolados!

A ti Santo hoje damos louvores
Grande Mártir São Sebastião
Que na terra enfrentastes horrores
Indo a Glória reinar em Sião.
Três batalhas tremendas vencestes;
a bastança, a grandeza, o prazer.
Três triunfos que bem merecestes,
Tríplice Glória que sempre hás de ter
Protetor desta terra querida,
vem livrar-nos dos flagelos mortais.
Dai-nos paz pura e santa vida
Para a Glória reinar imortal.
"Segunda-feira, Janeiro 19, 2009 :::"
Minha Terra Tem Palmeiras
Não queria dizê-lo tão brevemente, assim de letra corrida e recado sem portador, mas me conhecendo bem, pensando em tudo
como estou pensando agora, não há remédio. É amanhã o dia glorioso de São Sebastião, meu coração já conformado escuta
a procissão dizendo "também sou teu povo, Senhor, estou nesta estrada"... povo de Deus rico de nada, lhes bastava Deus.
Quando os foguetes estourarem, eu queria estar naquela fila peregrina, agradecendo e abraçando, sem nada pedir. Eu queria
repetir a tríplice glória do nosso santo padroeiro e silenciar para ouvir as notas subindo as escadas da igreja, queria
ter estado lá desde muito antes para ir preparando tudo, rezando a novena, brincando as festas. A vida é assim. Venceremos,
já me diz Batista, venceremos.
Mas eu queria, porque na multidão que segue o andor eu poderia ir sem a vergonha que me dá de
já não saber os nomes e não reconhecer a todos, e eu poderia ir ali oculto e me sentindo em casa mais uma vez. Eu ia explicando
tudo a Michele e deixando ela perguntar pra eu me sentir Olímpico e sabidão. Não vai dar, mais esse ano e a gente aqui distante
de tudo, sem notícia de leilão nem de nêga de fogo nem de tanque grande nem de nada, como se essas coisas primordiais da
natureza não fizessem girar o mundo e não segurassem o céu sobre as nossas cabeças. Venceremos.

sábado, 4 de julho de 2009

Antes era fazenda...
assim diz a lenda
de um velho mandacaru
hoje estais tão famosa
te vi na europa
num poster, Caruaru!
num poster, Caruaru!
A saudade me trouxe
pra ver tuas noites
tão lindas de são joão
rever a velha moradia
que eu deixei um dia
de tras do portão
a tua paisagem me faz delirar
a lua no céu é bela como tu
estrela do agreste sempre vou te amar
no leste,no oeste,
no norte e no sul
seu mestre foi vitalino, Caruaru!
no barro fez teu destino,caruaru!
no barro fez teu destino,caruaru!
segunda-feira, 29 de junho de 2009
A França quer proibir a Burka
Vêtement ignoble, révoltant, inadmissible : ce défi à l'éternel féminin! Depuis que toute la presse en parle, depuis la légitime création d'une commission parlementaire, je me sens personnellement concernée et de plus en plus partie prenante.
[vestimenta ignóbil, revoltante inadmissível: este desafio ao "eterno feminino"! Desde que a imprensa adotou o assunto e o governo criou uma comissão parlamentar para debatê-lo, eu também me sinto parte dele]
Il y a peu, la vision de ces femmes provocatrices me laissait de glace. (Il faut dire que dans notre quartier, elles sont rarissimes.) Après tout, chacune d'entre nous, croyante ou non, intégriste ou non, est libre de se vêtir à sa guise. Mais trop, c'est trop : muettes, on les tolérait ; médiatisées, elles insupportent. Quand je vois ces femmes ainsi affublées, c'est la femme occidentale, la fiancée, l'épouse et la mère en puissance - la Femme tout court, éternel archétype - celle que je m'efforce et m'honore d'être, c'est cette femme qui souffre en moi et subis l'affront.
Il y a peu, la vision de ces femmes provocatrices me laissait de glace. (Il faut dire que dans notre quartier, elles sont rarissimes.) Après tout, chacune d'entre nous, croyante ou non, intégriste ou non, est libre de se vêtir à sa guise. Mais trop, c'est trop : muettes, on les tolérait ; médiatisées, elles insupportent. Quand je vois ces femmes ainsi affublées, c'est la femme occidentale, la fiancée, l'épouse et la mère en puissance - la Femme tout court, éternel archétype - celle que je m'efforce et m'honore d'être, c'est cette femme qui souffre en moi et subis l'affront.
[Há algum tempo, a visão dessas mulheres provocadoras me deixariam petrificado (são raríssimas no meu bairro). Depois de tudo, cada uma de nós, cristã ou não, feminista ou não, é livre para se vestir como quiser. Mais exagero é exagero: mudas, nós as tolerávamos. Mediatizadas, são insuportáveis - humilham a mulher ocidental, a noiva, a esposa, a mãe - a mulher em si - esta mulher que vive em mim, que eu me esforço para ser e que sente a afronta.]
Certes, il y a d'autres tenues paradoxales dans notre univers laïc, d'autres insignes religieux, mais dans ce cas, le signe extérieur de croyance n'est pas mutilant, plutôt exaltant. En témoignent ces six oblates du Cœur Immaculé de Marie qui sont montées tout à l'heure dans mon compartiment à la station Jasmin.
[Certamente há outras vestes paradoxais no nosso universo laico, outras insígnias religiosas, mas nesse caso, o signo exterior de fé não é mutilador, é até exaltante. Vide as seis freiras do Imaculado Coração de Maria que subiram no vagão na estação Jasmim.]
Quel magnifique témoignage de vie ! Primo, ces religieuses n'étaient pas entièrement voilées, elles ; secundo, elles avaient l'air si heureuses et si épanouies, en un mot libres voire libérées ; tertio, si leur féminité apparaît, je le concède, un brin bridée (poitrine aplatie par la guimpe, sandales de corde, cartouchière en perles de buis à la ceinture...), ce n'est pas une mutilation mais une symbolique atténuation du féminin au profit d'un surcroît de décence et de Sens : hommage à leur Seigneur et Maître dont elles sont les chastes fiancées et les servantes zélées. Ce qu'a d'ailleurs très bien compris notre Président au Latran : « Dans la transmission des valeurs et dans l'apprentissage de la différence entre le bien et le mal, l'institutrice ne pourra jamais remplacer la religieuse ou la catéchiste ! »
[Que magnífico testemunho de vida! Primeiro, o véu não era completo, segundo, elas possuíam um ar feliz e sereno, diga-se levres ou mesmo libertadas, terceiro, se a mulher aparece nelas, é sutilmente atenuada, signo de sua fidelidade a Jesus, de quem são noivas e zeladoras. Como diz o nosso Presidente em Latran: na transmissão de valores e no aprendizado da diferença entre o bem e o mal, uma professora jamais substituirá uma freira ou uma catecista!]
Mais ces femmes-là, non, non et non ! Tenue trop castratrice pour la Grâce féminine qui devrait pouvoir, de la tête aux pieds, tel un ostensoir vivant, être montrée d'une manière naturelle, sans cette pièce de vêtement qui La dénature et La caricature. Le plus inquiétant pour notre vivre ensemble, c'est que ces femmes de moins en moins minoritaires, étrangement dès que survient l'été, ne semblent pas gênées par nos regards désapprobateurs. Elles vaquent à leurs occupations en coulant un regard oblique. Sans doute s'imaginent-elles que leur tenue monstrueuse est devenue banale en devenant tendance ; que la sincérité du cœur et la liberté intérieure peuvent servir en France de laissez-passer ! Elles ont tort, elles aggravent leur cas, elles sont non seulement inquiétantes mais dangereuses car, même si elles se sentent nues sans cette tenue, elles ne peuvent impunément bafouer leur dignité de Femme en contresignant par leur emblème vestimentaire leur propre esclavage et leur statut ancillaire.
[Mas essas mulheres aí, não e não! Castração da graça feminina, que deveria poder aparecer dos pés à cabeça, como um estandarte vivo, de maneira natural, sem essa peça de roupa que a degenera e estereotipa. O mais inquietante para os que vivem em sociedade é que essas mulheres são cada vez menos minoritárias, e estranhamente, quando chega o verão, não se sentem incomodadas pelo nosso olhar desaprovador. Sem dúvida, imaginam que sua roupa monstruosa se tornou banal por ser uma tendência; que a sinceridade do coração e a liberdade interior podem servir de salvo conduto na França! Elas estão equivocadas, e agravam sua situação: não são somente inquietantes, mais perigosas pois, se se semtem nuas sem essas roupas, não podem debochar impunemente de sua dignidade feminina assinando pela vestimenta a escravidão e o estatuto de mulher inferiorizada.]
Certes, je sais que si une loi interdisait ce genre de vêtement, ces femmes vivraient recluses chez elles. Mais qu'importe si notre morale républicaine est sauve ! J'ai cinq enfants, je suis fidèle pratiquante mais très tolérante, que puis-je leur dire lorsqu'ils s'enfuient en hurlant de peur ? Ou sont troublés, surtout mes garçons qui ne les lâchent pas des yeux. Qu'imaginent-ils ? Qu'entrevoient-ils de l'étroite fente où palpite leur mystère ? À l'évidence, nos jeunes sont choqués. Plus qu'un choc de civilisation, un viol de leur structuration. C'est donc ça une femme ?! Pire, Adélaïde, notre aînée, m'a suffoquée quand, à la vue de ces zombies, elle m'a avoué être tentée par ce genre de tenue décalée. Un must, disait-elle ! Hier encore invisibles ici, il a fallu une seule d'entre ces femmes pour provoquer chez nous une crise identitaire et un véritable séisme familial !
[Certamente, acredito que se uma lei proibisse esse gênero de vestimenta, essas mulheres viveriam reclusas em suas casas. Mas o que isso importa, se nossa moral republicana for salva! Tenho cinco filhos, sou praticante fiel mas tolerante, o que posso dizer quando eles fogem gritando de medo? Ou ficam atormentados, sobretudo os meus garotos, que não as perdem jamais de vista? O que eles imaginam? O que podem entrever pela estreita fenda onde palpita o mestério? Evidentemente, nossos jovens estão chocados. Mais que um choque de civilização, uma violação de sua estruturação. Será isto uma mulher?! Pior, Adelaide, nossa filha mais velha, me sufocou quando me disse que se sentia tentada por esse tipo de roupa deslocada. Um must, disse ela! Ontem invisíveis, hoje basta uma única representante dessas mulheres para provocar entre nós uma crise de identidade e um terremoto familiar!]
C'est pourquoi je demande un referendum, je lance sur la toile une pétition, j'assiège dès demain la permanence de mon député. D'ailleurs, Notre Guide Bien-aimé ne vient-il pas de rappeler à Versailles qu'une telle tenue ici n'est pas la bienvenue ? Oui, pour la survie de nos valeurs, pour l'édification de nos filles et de nos fils, mobilisons-nous toutes et tous afin que, dans la France de 2009, patrie de la Parité, sur la voie publique, partout et toujours, soient désormais prohibés et sévèrement sanctionnés par le législateur ces deux accessoires féminicides du prêt-à-peloter : le piercing au nombril et cette diabolique jupette dénommée Haraduku.
[Por isso eu peço um referendo, jogo na web uma petição, eu exijo desde amanhã a ação do deputado em que votei. Nosso presidente não disse em Versailles que sse tipo de roupa não é bem-vindo na França? Sim, pela perseverança dos nossos valores, pela edificação de nossas filhas e filhos, mobilizemo-nos todos a fim de que, na França de 2009, pátria da igualdade, na via pública, em todos os lugares e sempre, sejam daqui pra frente proibidas e severamente punidas pela lei esses dois acessórios femicidas do prêt-a-tirar: O piercing no umbigo e essa coisa diabólica chamada micro-saia.]Michel Bellin, para o Lemonde
sábado, 28 de fevereiro de 2009
O pedido - conversa de blog
Raul publicou no blog de Ibiassucê uma foto da feira velha. E eu sem ela...
O Pedido - ELOMAR
Água da fulô que cheira,
Um novelo e um carmim
Traz um pacote de misse
Meu amigo Ah! Se tu visse
Aquele cego cantador
Um dia ele me disse
Jogando um mote de amor
Que eu havera de viver
Por este mundo e morrer
Ainda em flor
Passa naquela barraca
Daquela mulé resera
Onde almoçamo paca,
Panelada e frigideira
Inté você disse uma loa
Gabando a bóia boa
Das casas da cidade
Aquela era a primeira
Traz pra mim umas brevidades
Que eu quero matar a saudade
Faz tempo que eu fui na feira
Ai saudade...
Ah! Pois sim, vê se não esquece
D'inda nessa lua cheia
Nós vai brincar na quermesse
Lá no riacho d'areia
Na casa daquele homem,
Feiticeiro curador
O dia inteiro é homem
Filho de Nosso Senhor
Mas dispois da meia noite
É lobisomem comedor
Dos pagão que as mãe esqueceu
Do Batismo salvador
E tem mais dois garrafão
Com dois canguim responsador
Ah! Pois sim vê se não esquece
De trazê ruge e carmim
Ah! Se o dinheiro desse
Eu queria um trancelim
E mais três metros de chita
Que é pra eu fazê um vestido
E ficar bem mais bonita
Que Madô de Juca Dido,
Zefa de Nhô Joaquim
Já que tu vai lá pra feira
Meu amigo, tras essas coisinhas Para mim.
Ai sôdade...
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