quinta-feira, 30 de julho de 2009

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzidas,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

Desejo uma fotografia
como esta — o senhor vê? — como esta:
em que para sempre me ria
como um vestido de eterna festa.


Cecilia em três tempos. Vêm ai 25 anos.

Um comentário:

  1. A primeira vez que li um poema de Dona Cecília achei tão triste. E durante anos recusei a sua leitura. Só depois compreendi a sua beleza e a sua poesia. E percebi quanto tempo tinha perdido. Esses "três tempos" que você selecionou são lindos.
    "Eu canto porque o instante existe
    e a minha vida está completa.
    Não sou alegre nem sou triste:
    sou poeta."

    Vamos aguardar o que vem por aí.

    bjinhos

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