terça-feira, 25 de agosto de 2009

DRUMMOND


porque amou por que amou

se sabia

p r o i b i d o p a s s e a r s e n t i m e n t o s

ternos ou desesperados

nesse museu do pardo indiferente

me diga: mas por que

amar sofrer talvez como se morre

de varíola voluntária vágula evidente?

ah PORQUE AMOU

e se queimou

todo por dentro por fora nos cantos ecos

lúgubres de você mesm(o,a)

irm(ã,o) retrato espetáculo por que amou?

se era para

ou era por

como se entretanto todavia

toda via mas toda vida

é indignação do achado e aguda espotejação

da carne do conhecimento, ora veja

permita cavalheir(o,a)

amig(o,a) me releve

este malestar

cantarino escarninho piedoso

este querer consolar sem muita convicção

o que é inconsolável de ofício

a morte é esconsolável consolatrix consoadíssima

a vida também

tudo também

mas o amor car(o,a) colega este não consola nunca de nuncarás.

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