sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Paula Correa

Foi bem assim quando tentei dizer adeus pela primeira vez.

Jeito de bicho do mato.

Arredio. Rasgando palavras.

Rasgando papel. Foi bem assim.

Coreografia da despedida.

Olhos no chão. Mãos vazias.

Pés fincados no tempo de esquecer o que não se esquece.

Medos, culpas e sonhos em um baú lacrado.

Silêncio. Noite escura.

Meia lua vestida de noiva.

Foi bem assim.

Máscara e tecidos.

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Melhor não dizer muita coisa.

Mas o muita coisa faz questão de dizer-se.

Então eu sedo ao indizível que deseja virar matéria-palavra.

É difícil dizer não.

Foi assim... entrou pela porta da frente.

Sentou.

Falou duas palavras e já tinha virado semente.

Depois de uma semana, já era planta.

Já era jardim.

Então, como é que a gente não diz?

Tem mesmo é que dizer que ama e correr com este segredo pra longe daqui.




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