sexta-feira, 14 de agosto de 2015

[Antes que o sol caia, na tarde de hoje]

2001

Antes que o sol caia, na tarde de hoje, eu devo lhe dizer: eu lhe amo. Devo dizer isso, não sem antes titubear, pensar em desistir e pensar que você não irá ligar a mínima, Essa opção eu não descarto, mas tenho de dizer assim mesmo. Antes disso, de dizer, eu devo lhe perguntar o que há no seu coração que poderá me pôr fora dele. Devo lhe dizer o quanto tenho sofrido desde aquele dia, aquele da tarde. Devo lhe dizer coisas que observo diariamente, os castelos e as masmorras do meu caminho. Lhe falar sobre o meu riso e o meu silêncio, as coisas as canções, as palavras, os sons. O que há de belo e de novo. Antes que o Sol se ponha, hoje, eu devo lhe falar sobre o pulsar mudo dos corpos, sobre a incandescência da vida e o brilho de cada pessoa. Antes de o Sol se pôr, esta tarde, você irá conhecer o universo mais puro, o meu mundo encantado, o meu espaço imaculado. Deverá saber porque é que amo os seus suspiros, porque é que amo os seus passos. Você deverá saber, antes de tudo, que o maior amor do mundo, o amor mais puro e mais vivo, esse amor é seu. Sem qualquer poesia, sem qualquer rodeio, você vai saber que é real. Antes  que o Sol possa se pôr esta tarde, eu devo lhe dizer quanto amor, quanto amor, quanto amor... Eu poderei não dizer, poderei não conduzir o pensamento, poderei não conseguir pronunciar, e , principalmente, poderei não lhe convencer. nesse caso, nesse último caso, antes do Sol se pôr, eu estarei derrotado, totalmente. É certo que isso não importará lá essas coisas, não lhe dirá respeito. Ato contínuo, será o ponto final. Nesse ponto, bella donna, eu paro. Antes de o Sol se pôr, esta tarde, você irá saber: eu lhe amo.

[P.S: suponhamos que seja um poema-carta meta-verídico e que este poeta tenha engasgado antes das quatro da tarde irremediavelmente.] 

Um comentário:

  1. Logo nas primeiras linhas... Fiquei emocionada. Desacelerei a leitura para sentir cada palavra entrar com emoção... Ao final lágrimas quase transbordaram dos meus olhos.
    Lindo, lindo POETAÇO!

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